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"Não tinha medo o tal João de Santo Cristo / Era o que todos diziam quando ele se perdeu / Deixou pra trás todo o marasmo da fazenda / Só pra sentir no seu sangue o ódio que Jesus lhe deu."
Estes são os primeiros de vários versos de "Faroeste
Caboclo", obra-prima do rock brasileiro composta por Renato Russo e
imortalizada pelo grupo Legião Urbana. São quase dez minutos de música, que tem
começo, meio e fim, e por isso sempre foi cotada para chegar aos cinemas. A
ideia levou vários anos para se tornar realidade, agora finalmente sai do papel
e decepciona totalmente.
Faroeste trata-se de um
cinema de altíssima qualidade, com boa fotografia, direção de arte e ótimas
atuações de um elenco quase todo formado por desconhecidos. É importante
ressaltar para os fãs mais xiitas que não se trata de uma adaptação literal da
canção. Ou seja, nem tudo o que vemos na tela está na música e vice-versa. A aposta na atualidade
da canção, sem segui-la de forma literal, foi uma ideia acertada dos roteiristas
Victor Atherino e Marcos Bernstein. Se o filme que se ve na tela não lembra em
muito o que se ouve de “Faroeste…”, isso se deve ao fato de que a
trama imaginada por Renato funciona apenas na música. A ideia
do “bom bandido”, vítima da sociedade, já não faz sentido hoje, e cenas como a
do duelo midiático, da “via-crúcis que virou circo”, menos ainda. O João de
Santo Cristo de Sampaio e Boliveira morre sozinho, sem espetáculo; cumpre o seu
destino infeliz, no moto-perpétuo da violência urbana brasileira. Essa é
a proposta. Mas as falhas do diretor em pontuar cenas cruciais da trama acabam
por prejudicar o belo trabalho do elenco. A caracterização confusa de Jeremias
(o histriônico, mas convincente Felipe Abib) levam a um final caricato, salvo
apenas pela convicção de Boliveira( João de Santo Cristo ). O tom exagerado de western desse
mesmo final destoa do realismo do restante do filme.
Ísis
Valverde consegue deixar deplorável o papel de Maria Lúcia e deve-se
louvor a saudosa participação de Marcos um ator que conseguia transformar o
menor de todos os papeis num divisor de águas em qualquer trabalho.
Faroeste Caboclo seria um
filme perfeito se não tivesse sido inspirada na canção original de Renato
Russo.
NOTA 7,0
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