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quarta-feira, 5 de junho de 2013

Faroeste Caboclo,o filme imperfeito da música perfeita

@Megaovo facebook.com/megaovo

"Não tinha medo o tal João de Santo Cristo / Era o que todos diziam quando ele se perdeu / Deixou pra trás todo o marasmo da fazenda / Só pra sentir no seu sangue o ódio que Jesus lhe deu."



Estes são os primeiros de vários versos de "Faroeste Caboclo", obra-prima do rock brasileiro composta por Renato Russo e imortalizada pelo grupo Legião Urbana. São quase dez minutos de música, que tem começo, meio e fim, e por isso sempre foi cotada para chegar aos cinemas. A ideia levou vários anos para se tornar realidade, agora finalmente sai do papel e decepciona totalmente.
Faroeste trata-se de um cinema de altíssima qualidade, com boa fotografia, direção de arte e ótimas atuações de um elenco quase todo formado por desconhecidos. É importante ressaltar para os fãs mais xiitas que não se trata de uma adaptação literal da canção. Ou seja, nem tudo o que vemos na tela está na música e vice-versa. A aposta na atualidade da canção, sem segui-la de forma literal, foi uma ideia acertada dos roteiristas Victor Atherino e Marcos Bernstein. Se o filme que se ve na tela não lembra em muito o que se ouve de “Faroeste…”, isso se deve ao fato de que a trama imaginada por Renato funciona apenas na música. A ideia do “bom bandido”, vítima da sociedade, já não faz sentido hoje, e cenas como a do duelo midiático, da “via-crúcis que virou circo”, menos ainda. O João de Santo Cristo de Sampaio e Boliveira morre sozinho, sem espetáculo; cumpre o seu destino infeliz, no moto-perpétuo da violência urbana brasileira. Essa é a proposta. Mas as falhas do diretor em pontuar cenas cruciais da trama acabam por prejudicar o belo trabalho do elenco. A caracterização confusa de Jeremias (o histriônico, mas convincente Felipe Abib) levam a um final caricato, salvo apenas pela convicção de Boliveira( João de Santo Cristo). O tom exagerado de western desse mesmo final destoa do realismo do restante do filme.
 Ísis Valverde consegue deixar deplorável o papel de Maria Lúcia e deve-se louvor a saudosa participação de Marcos um ator que conseguia transformar o menor de todos os papeis num divisor de águas em qualquer trabalho.

Faroeste Caboclo seria um filme perfeito se não tivesse sido inspirada na canção original de Renato Russo.


                                          
NOTA 7,0 





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