Outrora favoritos de um nicho
fanático por terror, os mortos-vivos seguem sua dominação da cultura pop - e
sofrem mutações diversas no caminho.
Meu Namorado É um
Zumbi é adaptação do livro Sangue Quente, de Isaac
Marion, é o mais recente capítulo na
história dessas intestinas criaturas. Nele, anteriormente motivados pela fome, "pela dor de estar
morto", os cadáveres renascidos agora
enfrentam a nostalgia do passado vivente.
Um desses monstros, R (Nicholas Hoult),
passa os dias arrastando-se por um aeroporto, introspectivo e contemplativo.
Quando a fome bate, caminha até a cidade em busca de cérebros frescos, ao lado
de seus companheiros. Em uma dessas incursões faz uma amizade improvável com
uma humana, a namorada (Teresa Palmer) de uma de suas vítimas.
O romance é um curioso amálgama de gêneros. R é um defunto
mistura de Wall-E, Romeu e vampiro Edward. Mas a ideia não é tão absurda quanto
parece. Sob a direção interessada de Jonathan Levine,
Hoult dá uma certa comicidade à existência zumbi que funciona como uma paródia
bem-vinda em tempos de overdose dessas criaturas. O romance é contido, sem a
pieguice de um Crepúsculo,
e pontuado com sequências de ação razoáveis, o filme uma experiência simpática até, perto
de outras produções semelhantes.
O zumbi R prefere vinil a digital (sim, ele ouve música e
gosta de Bob Dylan), "pelo som mais vivo". É uma ideia um tanto
irônica se considerarmos a deturpação - a modernização homogeneizada, em busca
da geração "crepuscular" - que o próprio filme oferece do mito do
morto-vivo. De qualquer maneira, qualquer filme que apresente Bob Dylan à
deficitária de atenção geração Z, irônico ou não, merece respeito.
Seguindo a mesma cartilha
de Crepúsculo, Meu Namorado é um Zumbi é,
novamente, uma história de amor e transformação pela paixão. Se na bem-sucedida
franquia baseada em Stephenie Meyer os vampiros são bonzinhos e castos, aqui, o
zumbi tem mais sentimentos.
Independente das comparações, o público norte-americano
divertiu-se com o filme, que alcançou o primeiro lugar da bilheteria dos EUA em
sua estreia, há uma semana, faturando US$ 20,4 milhões - um sinal muito
promissor de que pode estar aqui o início de uma nova franquia.
E se você vai ficar em casa nesse feriadão de carnaval vá ao cinema e leve a namorada(o) para ver essa deliciosa, romântica e macabra produção.
Nenhum comentário:
Postar um comentário